Controle biológico dos carrapatos no Parque da Cidade
A Prefeitura de São José dos Campos, por meio da Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade - SEURBS, e o Instituto Biológico de São Paulo - ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo – realizam, há dois anos, ações de controle de carrapatos-estrelas fazendo uso de um carrapaticida biológico que não afeta a biodiversidade do Parque. O produto é inócuo ao ambiente e à saúde de humanos e outros animais, portanto, pode ser aplicado durante o período de uso das áreas pelos munícipes
O Instituto Biológico, ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é especializado em controle biológico de pragas. O produto, à base de fungo (Metharizium anisopliae IBCB425) que age contra o Amblyomma sculptum (carrapato estrela) - potencial transmissor da Febre Maculosa Brasileira, está em fase de testes para obtenção da certificação e a parceria com o Município colocou o Parque da Cidade como uma das áreas para validação da eficácia do produto, cujos resultados servirão para solicitação de registro. Atualmente, o uso experimental conta com o fornecimento do material pela empresa Toyobo Biológicos de Precisão.
Carrapato adulto infestado pelo fungo, tornando-o lento e incapaz de se reproduzir, levando-o à morte | Foto: Shirley Araújo
“Esses fungos entomopatogênicos já são amplamente usados na agricultura, principalmente na agricultura orgânica por oferecerem maior segurança ao meio ambiente, sem gerar resíduos e é uma tecnologia que estamos trazendo para a área animal e de saúde pública”, explica o Médico Veterinário Paulo Sampaio, do Laboratório de Parasitologia Animal do Instituto Biológico.
Uma equipe da Secretaria de Manutenção da Cidade fica responsável pela aplicação mensal do produto – período chuvoso de outubro a março – em áreas que formam 40.000m² de gramados no Parque, com acompanhamento de técnicos e estagiários da SEURBS. São escolhidos dias com maior umidade e horários com reduzida radiação UV visando garantir a sobrevivência dos fungos durante a aplicação.
Croqui das áreas de aplicação do fungo no Parque da Cidade
As aplicações do fungo são sempre precedidas da instalação, por estagiários de Biologia da SEURBS, de armadilhas de gelo seco - que libera CO2 (gás carbônico) e atrai os carrapatos - para coleta de carrapatos e contagem, após 10 dias, para o monitoramento da infestação.
Imagens dos carapatos coletados e armazenados em potes para contagem
Os resultados em razão das aplicações, a partir dos dados do monitoramento da infestação, desde 2020, mostraram que o fungo conseguiu interromper o ciclo do carrapato-estrela. Embora adultos e ninfas tenham sido encontrados em quantidades reduzidas, nenhuma larva foi recuperada nas áreas tratadas, desde o início dos trabalhos. A redução da população de ninfas foi maior que 90%, comprovando a eficácia do tratamento.
O trabalho de zeladoria do Parque inclui serviços de limpeza e roçada realizados diariamente, mantendo a grama sempre aparada. Professor Paulo esclarece que um dos principais elementos para combater os carrapatos é eliminar os abrigos deles. Com a grama aparada eles ficam mais expostos a predadores naturais com aves, por exemplo, e também à ação do Sol. Tendo em vista que o controle de carrapatos faz parte de um conjunto de medidas para o manejo integrado da praga, vale ressaltar que a Prefeitura está fazendo uma boa parte com estes cuidados.
Aplicação do produto para controle biológico dos carrapatos
O Parque da Cidade é uma área natural
Imagens do jardim da Casa de Olivo Gomes, onde ficam os gramados e os lagos | Foto: Michael Moran
O Parque da Cidade Roberto Burle Marx possui relevante área de floresta, próxima às margens do rio Paraíba do Sul, habitada ou visitada por diversas espécies de animais silvestres, além de enormes gramados que propiciam a ocorrência de parasitas, como os carrapatos. O carrapato-estrela pode transmitir doenças como a Febre Maculosa Brasileira (FMB).
Além dos cuidados de manutenção, com limpeza e corte frequente da grama, a Prefeitura realiza trabalho de conscientização com distribuição de folhetos explicativos e instalação de banners, nas proximidades dos lagos e áreas dos gramados, com orientações simples sobre prevenção, como evitar sentar diretamente no gramado do Parque, utilizar roupas claras, meias e calçados fechados e verificar as roupas e o corpo a cada três horas; além de informações sobre as ações de combate com o biocarrapaticida.
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