Lucas Brito
Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade
Pela primeira vez, um levantamento sistemático dos saguis que vivem em São José dos Campos está sendo executado, marcando um avanço significativo na pesquisa e preservação desses primatas na zona urbana.
Iniciado em novembro de 2022, as pesquisadoras Fernanda Neri e Milena Nogueira, sob a coordenação do professor Fabiano Melo, da UFV (Universidade Federal de Viçosa), têm realizado trabalhos em campo para preservar o Callithrix aurita, o sagui nativo da nossa região.
A equipe de pesquisa visita áreas em que os primatas são vistos, conversa com os moradores e observa os saguis, identificando número, sexo, idade e área de vida.
Além das atividades de campo, o projeto envolveu ações educativas, incluindo palestras em universidades locais, exposições para moradores e comerciantes, participação em reuniões e rodas de conversa virtual, além de material de divulgação, como cartazes e folhetos.
Palestra realizada na Univap (Universidade do Vale do Paraíba) | Foto: Divulgação
A Prefeitura é responsável pelo Projeto, executado com recursos do Fundo Municipal de Conservação Ambiental, gerido pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente e conta com a parceria do Projeto Ecomuseu, que há anos promove a conscientização sobre temas ambientais na cidade.
Híbridos
Um destaque do projeto é a abordagem aos saguis híbridos, provenientes do cruzamento entre o Callithrix aurita e saguis de ambientes diferentes, que foram traficados e soltos no município.
As espécies invasoras são nativas da Caatinga e do Cerrado, ambientes mais sazonais e com períodos mais longos de escassez de alimento. Por isso, eles ameaçam os saguis nativos da região ao competir por abrigo, alimento e parceiros.
O cruzamento entre as diferentes espécies geram animais híbridos, que podem levar ao surgimento de doenças e alteração de características físicas e comportamentais, além do desaparecimento da espécie nativa: o sagui-da-serra-escuro.
Saguis híbridos, originados do cruzamento entre diferentes espécies | Foto: Milena Nogueira
Com apoio dos moradores e do Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), da Universidade do Vale do Paraíba, os saguis híbridos e de outras espécies são capturados, esterilizados e devolvidos ao ambiente, contribuindo para a preservação da espécie nativa. O projeto também têm contribuído para o aprendizado e produção científica dos alunos que passam pelo Cras e acompanham as ações de manejo dos saguis.
O engajamento da população nas áreas habitadas pelos saguis é uma vitória, com os moradores compreendendo a importância de não fornecer alimentos inadequados, que podem causar problemas de saúde aos primatas e representar riscos para ambos, humanos e saguis.
Sagui com a dentição prejudicada pela ingestão de alimentação inadequada | Foto: CRAS/Univap
O projeto não apenas impulsiona a pesquisa científica, mas também fortalece a conscientização e a participação da comunidade na proteção dos saguis-da-serra-escuro em São José dos Campos.
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