Sheila Faria
Secretaria de Saúde

“Meu pai estava no banheiro e minha mãe, no quarto. Ele se sentiu estranho e chamou por ela, mas a voz não saiu. Chamou novamente e nada. Foi até o quarto e não conseguiu dizer uma palavra. Quando cheguei no quarto perguntei se ele tinha alguma dor, fez sinal que não. Perguntei se ele conseguia andar, e ele marchou na minha frente, mas aquilo estava estranho. Chamamos o Samu. Somente com o Samu soubemos que meu pai estava tendo um início de AVC. Chegando ao Hospital Municipal, logo uma médica o encaminhou para exames e veio falar comigo. Era mesmo um AVC.”

Esse é o relato de Jean Carlo Bernardo sobre o que aconteceu com seu pai, Carlos Alberto Rodrigues Bernardo, em 2021. A família fez o certo: procurou socorro, mesmo não entendendo a gravidade do que estava ocorrendo.

“Procurar o hospital até 4 horas e meia dos primeiros sintomas é fundamental para o sucesso do tratamento", afirma Estephania Packness Eisenwiener, enfermeira clínica. "Isso possibilita que o paciente receba um medicamento específico para que ele não tenha as sequelas que a doença provoca. Infelizmente, várias vítimas de AVC chegam ao hospital depois desse período.”

Segundo o médico Carlos Alberto Maganha, diretor técnico do Hospital Municipal, isso acontece porque muitas pessoas, diante de algum sintoma estranho, como a boca que ficou torta, acham que é algo passageiro e vão dormir. "No dia seguinte, quando são levadas ao hospital pelo surgimento de outros sintomas, a situação já se complicou.”

Sintomas

O AVC (acidente vascular cerebral) é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Os principais sintomas são dificuldade de falar, movimentar alguma parte do corpo e boca torta. 

No primeiro trimestre, o Hospital Municipal internou 72 pacientes com AVC, uma média de 24 por mês. Foram 382 no ano passado, média mensal de 31 casos.

“A vida do meu pai foi salva em um pequeno intervalo de tempo, tenho uma imensa gratidão ao Hospital Municipal, ao Samu, à médica e às equipes por meu pai ter tido atendimento rápido na hora crucial e depois, na reabilitação”, disse Jean.

Rapidez

O Hospital Municipal é referência no tratamento do AVC. Graças a uma equipe multidisciplinar treinada, a primeira tomografia é feita em menos de 25 minutos (tempo considerado meta). Neste ano, o tempo caiu de 11 minutos, em janeiro, para 6 em março.

Mantido pela Prefeitura de São José dos Campos e gerenciado pela SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), o Hospital Municipal foi reconhecido em março pelo comprometimento da instituição e dos profissionais com a qualidade do atendimento a pacientes com AVC.

O prêmio foi concedido pelo projeto Angels, um programa internacional que qualifica hospitais em mais de 150 países para o atendimento de casos da doença.

“O prêmio mostra a maturidade da equipe do Hospital Municipal no atendimento às vítimas de AVC", disse Maganha. "Esse deve ser um atendimento sistematizado, multiprofissional e célere, para que o objetivo final – a mitigação de sequelas – seja atingido.”

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