Simone Menocchi
Secretaria de Manutenção da Cidade

Quando o 8 de Março foi instituído pela ONU, na década de 70, como Dia Internacional da Mulher, era para que ninguém se esquecesse da luta, da coragem, dos direitos e da força feminina. Adriana, Alessandra, Bianca e Michelle e tantas outras mulheres sabem bem do que estamos falando.

Em comum, elas tem o trabalho diário pelas ruas de São José dos Campos e o amor pelo caminho que escolheram. Assim como milhares de mulheres da nossa cidade, elas são exemplos de determinação, luta, força e coragem.

Adriana Maria do Carmo Paulino, 41 anos, está há 10 anos na Urbam, no comando de uma das cinco equipes que fazem o serviço de tapa buraco por toda cidade.

Ela entende bem de massa asfáltica, rolo compactador e enfrenta sol, chuva e trânsito para, todos os dias, cuidar das ruas de São José dos Campos.

A jornada de oito horas é pesada. Mas não para ela, que superou algo muito maior há três anos: um câncer de mama aos 38 anos.

Adriana estava amamentando o primeiro filho, Luiz Gustavo, quando percebeu um nódulo. Ao ter o diagnóstico de câncer, ficou “sem chão”, pois ninguém da família dela tinha passado por isso.

Adriana teve medo, mas ao mesmo tempo se encheu de coragem. Era a vida dela em jogo. Procurou especialistas e fez a cirurgia para a retirada do nódulo. Tudo deu certo e ela recorda, orgulhosa, que não deixou se abater, nem de trabalhar. Pelo contrário.

“O trabalho me ajudou. Eu me afastei somente durante a cirurgia. Em seguida, mesmo fazendo a quimioterapia, voltei com coragem e agradecida por ter uma segunda chance de vida”.

Foice e Serrote

Alessandra dos Santos Ramos, 37 anos e Bianca dos Santos Teodoro, 23 anos, são mãe e filha e dividem a rotina de oito horas para podar as árvores da cidade. De bairro em bairro elas integram uma das cinco equipes que prestam esse serviço. “São 120 árvores por dia e três mil por mês”, conta Alessandra, que começou primeiro, há 7 anos.

Ela aprendeu a lidar com foice, serrote, motosserra e rastelo. Gostou tanto que trouxe a filha Bianca para ajudar a deixar a cidade mais bonita e segura. As duas nem parecem mãe e filha. “Aqui somos uma equipe que não mistura as coisas. Mas se precisar dar bronca, eu dou também”, brinca Alessandra.

Para cortar galhos de árvores imensas haja coluna e pescoço. “Ah, Deus dá força” diz Bianca sorrindo. E é preciso força mesmo para cortar os galhos em cima do caminhão, antes de serem levados para descarte.

Na equipe também estão a amiga Simone da Silva Ribeiro , de 39 anos e a cunhada Mônica Teodoro, de 33 anos. E quando sobra um tempo, na hora do almoço, nada de falar de árvores. “A gente gosta de maquiagem”.

Michelle da Silva Pereira, 33 anos, tem três filhos e quando chega em casa, depois de oito horas e meia no serviço de roçada, nem se lembra do cansaço físico. Vai logo fazer comida e ajudar as crianças nas lições da escola.

Michelle entrou na Urbam há três anos e revela que as pessoas se surpreendem quando veem que é uma mulher carregando a roçadeira. “A gente atende pedidos que chegam no 156 e as pessoas sempre agradecem. Mas são as mulheres que elogiam mais o trabalho feito por uma outra mulher”.

O uniforme e os equipamentos de proteção escondem o rosto de menina de Michelle, que tem 1,52 metro de altura e cai na risada quando diz que a roçadeira que carrega, de 7 quilos, é maior do que ela.

A pequena estatura não impede a produção acelerada. “Tirar o mato das estradas, canteiros e ruas é comigo mesma”, diz satisfeita. Seu sonho é continuar na Urbam, prestando outros concursos que vão possibilitar novos sonhos. “Não dá pra parar. Minha prioridade são as crianças”.

^{Alessandra e Bianca trabalham nas ruas de São José. Adenir Britto / PMSJC}

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