Cláudio Souza
Secretaria de Apoio Social ao Cidadão

O seminário sobre Direitos Humanos realizado pela Prefeitura de São José dos Campos nesta sexta-feira (10) já tinha quase três horas de debates e troca de experiências e estava quase sendo encerrado quando Givanildo de Gois, 42 anos, pediu a palavra.

Ele perguntou aos três palestrantes o que poderia levar de mais importante da roda de conversa para os 43 dependentes de álcool e drogas que estão em processo de desintoxicação na Comunidade Terapêutica Nova Esperança, localizada no Parque Interlagos, na região sul da cidade.

Coordenador dos agentes de ação social da entidade, que mantém parceria com a Prefeitura através de uma OSC (Organização da Sociedade Civil), Gois gostou da resposta e se sentiu motivado, mas também tem muito a ensinar sobre direitos humanos na prática.

Lição de vida

Sua vida é uma lição de superação. Ex-usuário de drogas por 20 anos, agora ajuda pessoas que passaram pelas mesmas dificuldades a vencer o vício.

Mas foi além. Voltou a estudar após 15 anos e já concluiu o ensino médio. E não quer parar por aí: o próximo degrau que pretende galgar é cursar faculdade de serviço social, como a esposa que conheceu após se livrar dos tóxicos e com quem construiu uma nova família e têm uma filha de 4 anos. Ou então de psicologia.

"Quero me formar para ajudar as pessoas como fui ajudado. Os usuários de drogas são as pessoas que mais têm seus direitos violados. Por isto que foi importante participar deste seminário promovido pela Prefeitura sobre direitos humanos", disse Gois.

"Esta tarde valeu a pena. Aprendi muito e vou reproduzir este conhecimento para as pessoas que estão em processo de desintoxicação na nossa comunidade terapêutica. Tenho certeza de que vai ajudá-los nesta mudança de vida, como aconteceu comigo", completou.

Apoio social

O seminário foi promovido pela Prefeitura por meio da Sasc (Secretaria de Apoio Social ao Cidadão).

Os palestrantes foram o juiz João José Custódio da Silveira, coordenador regional da Escola Paulista da Magistratura e professor de Direitos Humanos da Univap (Universidade do Vale do Paraíba); o promotor de Justiça João Marcos Costa de Paiva e o professor Denilson de Paula Costa, escritor e especialista em História Cultural.

Durante três horas, foram abordados os panoramas dos direitos humanos no Brasil e no mundo, os avanços obtidos ao longo dos anos, o racismo estrutural, as ferramentas disponibilizadas pelo Judiciário para garantir que os direitos da coletividade sejam respeitados e as perspectivas de melhorias para o futuro, entre outros temas.

"A Prefeitura está de parabéns pela iniciativa de promover este seminário, passando informações importantes sobre os direitos humanos para os multiplicadores, que vão levá-las para quem mais precisa", afirmou o juiz.

"O trabalho da Prefeitura por meio da Sasc é um modelo a ser seguido. Diariamente, há cuidado e interesse com as camadas mais desfavorecidas da sociedade, melhorando suas vidas com ações efetivas", completou.

Direitos respeitados

O promotor João Marcos e o professor Denilson também destacaram a importância do evento para garantir o respeito e o cumprimento efetivo dos direitos humanos no dia a dia dos joseenses.

"O seminário foi importantíssimo. A Prefeitura, por meio da Sasc, demonstrou estar sintonizada com esta demanda tão cara às pessoas e tão descuidada nos tempos atuais. A violação e descumprimento dos direitos humanos estão sempre na ordem do dia e não poderíamos deixar passar em branco o Dia Internacional dos Direitos Humanos", disse o promotor.

"Eventos como este são fundamentais para instigarmos as pessoas a terem momentos melhores no dia a dia de construção horizontal para que os direitos de todos sejam respeitados", afirmou o professor.

Avanços

Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. Incluem o direito à vida e à liberdade, liberdade de opinião e expressão e o direito ao trabalho e à educação, entre outros.

Nesta sexta, 10 de dezembro, completaram-se 73 anos da instituição da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU (Organização das Nações Unidas).

O documento foi elaborado entre janeiro de 1947 e dezembro de 1948. O objetivo era formar uma base para os direitos humanos em todo o mundo.

A partir de 1950, iniciou-se a comemoração, em todo o mundo, do Dia Internacional dos Direitos Humanos em 10 de dezembro.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos documentos mais traduzidos da história moderna e está disponível em mais de 360 línguas.

Após 73 anos, Gois e sua mudança de vida nos inspiram e são exemplos de que, mesmo tendo muito a avançar, não faltam motivos para acreditar que podemos construir uma sociedade mais igualitária e justa, onde os direitos de todos sejam respeitados, independentemente de raça, credo e opção sexual.

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Seminário sobre direitos humanos no Cefe

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